quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

MEU ATESTADO DE APTIDÃO MENTAL - Parte 1


Meus amigos, aqui trato de postar uma experiência minha. Uma cômica história que Deus me deu a viver. Eu a dividi em várias partes, então, peço que esperem as próximas postagens para que possam saber o seu fim. Esta história dedico a vocês que são concurseiros, concursados e que estão o tempo todo dispostos a lutar e vencer. Chama-se:

MEU ATESTADO DE APTIDÃO MENTAL


Uma das minhas grandes alegrias nos últimos anos foi ter passado em alguns concursos públicos. É que o esforço que se envida é alto, e a vida que se investe é preciosa. Por isso, quando se passa em um certame desses, quando se é nomeado, quando se é investido em um cargo público, o contentamento é imenso.
Considerando a realidade de concorrência selvagem em Brasília, devido ao número de candidatos bem qualificados, a alegria de passar num concurso se torna mais significativa ainda. De fato, passar em um concurso não está fácil.
Todo mundo sabe, entretanto, que não basta, para muitos cargos, que haja a aprovação em prova examinadora; é necessário o exame psicológico, para se averiguar se o perfil psicológico do candidato aprovado é compatível com as exigências, quanto à competência, do cargo em questão.
Para minha sorte, um dos concursos em que passei exigia o laudo do médico psiquiatra, atestando a aptidão mental para o exercício do cargo. Digo sorte, pela experiência inesquecível que se tornou para mim a realização desse exame psicológico e, também por eu ter, agora, certeza de que realmente sou normal, é claro.
O meu plano de saúde da época não cobria a realização de um exame como esse. Tive de pesquisar bastante até encontrar um, com indicação, cujo valor me fosse acessível. Em um fórum virtual, no sítio do correioweb, vários candidatos também aprovados recomendaram certo médico psiquiatra, que atendia em um consultório no Conjunto Nacional, por apenas R$ 70,00. Não havia escolha, nem tempo. Ia ser este mesmo.
Liguei antes para agendar a consulta, mas a pessoa do outro lado do telefone disse que o atendimento era feito por ordem de chegada. Então, naquela tarde, tratei de chegar bem cedo ao consultório, para ser atendida logo, mas me enganei ao achar que isso seria eficaz. O consultório já estava completamente cheio quando cheguei.
Havia pessoas em pé, sentadas pelos bancos e cadeiras espalhadas na recepção improvisada. Enquanto eu esperava para falar com a secretária, sentei-me num dos últimos lugares vagos, em um banco de madeira de três lugares – para não ter de ficar em pé, caso alguém mais chegasse, já que, pelo visto, a minha tarde seria longa – compartilhando o espaço com uma futura colega de trabalho. Além de nós duas, havia pacientes costumeiros do Doutor Psiquiatra, candidatos aprovados em outros concursos e alguns acompanhantes.
O lugar era, na verdade, a junção de duas salas comerciais, transformadas em um consultório, cujo espaço dividia-se em um quarto reservado, onde o médico fazia o atendimento, fechado por uma porta de madeira; a recepção, onde havia as cadeiras e bancos para espera; o banheiro e o lugar onde ficava a secretária e o seu ajudante. A decoração do consultório consistia em paredes repletas de fotos do Doutor com pessoas desconhecidas, e algumas reportagens em que ele aparecera, emolduradas especialmente para aquele propósito.
Antes que eu pudesse notar qualquer coisa demasiadamente estranha naquele consultório, observei um jovem senhor saindo do banheiro, dirigindo-se a pia, que se localizava próxima ao lugar onde eu estava. Ao abrir a torneira, desenroscou, desenroscou, na tentativa de lavar as mãos, porém a água não saía. Queixou-se ao rapaz que ajudava no atendimento, que se antecipou e perguntou friamente ao senhor, em um tom de voz bem audível a toda a sala:
“O senhor deu descarga ao usar o banheiro?”
Ao ouvir aquela pergunta, pensei comigo mesma na grosseria do ajudante, imaginando o constrangimento que ele fizera o jovem senhor passar na frente de todos, mas fui imediatamente interrompida no meu pensamento, quando, justificando a pergunta, o rapaz disse o seguinte:
“É que se o senhor dá descarga, a água da caixa d’água acaba e não tem mais para lavar a mão.”
Não contive minha risada. Que pobreza, meu Deus do Céu! Não havia água suficiente para que uma pessoa usasse o banheiro e lavasse as mãos. E também não havia qualquer discrição do ajudante da secretária ao dar uma resposta daquela.
Comecei a perceber somente então onde havia me metido.
[Continua...]

3 comentários:

  1. Oi Ana, tudo bem?

    Adorei o post, adoro esses posts mais literários! =) Mas tenho uma pergunta mais pragmática. Preciso deste atestado também, sou de Brasília, mas parece que há um mistério geral sobre como consegui-lo, até mesmo no Google não consigo informações. Esse lugar do Conjunto Nacional, você lembra o nome, ou em que torre do Conjunto fica? Obrigado, e abraços!

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  2. Lasevitz, terei prazer em ajudar, mas prefiro não expor o profissional aqui. Me envie um e-mail para anamaria.direito@gmail.com e eu te indicarei o nome do Médico e o endereço do consultório. Abraço.

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  3. Pessoal, como muitos já me enviaram e-mails para obter informações sobre o médico psiquiatra desse exame baratinho, gostaria de esclarecer aqui que INFELIZMENTE A CLÍNICA FOI FECHADA E O DR. NÃO ATENDE MAIS EM BRASÍLIA. Lamento não poder ajudá-los. Sei que é um absurdo o valor que andam cobrando por aí para fazer esse exame. Caso saibam de uma clínica ou médico que faça um preço razoável, postem aqui. Vamos promover um ambiente de cooperação nesse blog. Boa sorte a todos!

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