Havia uma menina, por nome Ana Maria. 
Na cozinha da avó, sozinha se entretia. 
Pequena, criancinha, delícias descobria, 
Não só de comidas gostosas, mas de muitas fantasias. 
Entre doces escondidos e guloseimas preparadas, 
A garota se envolvia numa brincadeira engraçada. 
Eis que a porta da cozinha era porta de correr, 
Não abria para frente, mas à parede, a esconder. 
Sentada num banquinho, ao lado dessa porta, 
A menina imaginava que de Kombi viajava pelos lugares por onde passara.
Cobradora de lotação, de todos chamava a atenção. 
Gritava e anunciava o destino a que seguia: Chegogolândia! Chegogolândia!
Mais um tanto avançava na viagem que inventava, 
E parava novamente ao passageiro que acenava.
Ia assim, imaginando, que na sua lotação 
Era ela a cobradora, com o dinheiro na mão. 
E enquanto parava nos pontos, mais pessoas poderiam entrar 
Nesse transporte maluco que adorava imaginar.
Abrindo e fechando a porta, não se cansava nunca. 
Deslizava-a para trás e gritava às pessoas na rua: Chegogolândia, um real!
E enchendo o automóvel, até completamente lotar, 
Contava o dinheiro para só depois o guardar. 
Antes, porém, de encerrar, dava o troco e agradecia 
A preferência do cliente que satisfeito descia.
Depois de uma tarde inteira, da alegre brincadeira, 
Chegou a avó da menina, com um sorriso de orelha a orelha. 
É que a menina, brincando e sonhando, os nomes acabou por trocar. 
O nome da cidade não era Chegogolândia, e, sim, Cadangolândia.

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