Um dos planetas no meu planetário é a Comissão de Ética
da qual faço parte. Durante esses quase dois anos que tenho atuado como
Conselheira, soube de muitas histórias de condutas antiéticas, tive contato com
muitas pessoas que valorizam a ética, recebi várias denúncias de
irregularidades no órgão, soube de exemplos bem sucedidos e troquei
experiências com Conselheiros de outras comissões.
Toda essa carga de informações
despertou em mim o interesse de escrever sobre ética na Administração Pública
Federal. Sinto a necessidade de colaborar, além da minha atuação na Comissão,
fomentando a atitude ética aos servidores. Aqui, portanto, inauguro agora uma
série de postagens cujos temas permeiam a ética e os valores morais pelos quais
se deve pautar um servidor público. É a série ÉTICA FICA BEM.
São histórias inspiradas em casos reais de denúncias,
que, sempre, quando for o caso, ocultarão o nome dos verdadeiros envolvidos,
textos motivadores e informativos sobre ética. Espero que a leitura dos posts
leve cada leitor a uma reflexão e mudança de atitude.
1. PÃO DE QUEIJO, CAFÉ E ÉTICA
Cheguei ao trabalho de carro, de carona, desembarquei do lado
do estacionamento, por volta das 6h30 da manhã, e, antes de entrar no prédio,
resolvi comprar um pãozinho com a senhora que estava à porta com uma banquinha
de café da manhã. Perguntei quanto era o pão de queijo e ela disse que custava
R$3,00. Depois, perguntei quanto era o cafezinho e, para minha surpresa, a
senhora da banca começou a discursar orgulhosamente, dizendo que seria incapaz
de cobrar o café, que uma coisa dessas não se faz e tal.
Esperando o pão de queijo e o copo de café, olhando para
ela, pude perceber que ela portava o crachá de acesso ao Órgão. Seu
rosto me pareceu familiar. Enquanto ela dizia que muitas bancas de pães
cobram pelo café, mas ela não, ela preparou uma sacola com o pão de queijo.
Continuando o discurso, ela confessou que o café era da Instituição e que por
isso ela nunca poderia cobrar os seus clientes pela bebida! Ela apenas apanhava
a garrafa com o café coado na copa do nono andar e descia para o térreo, a fim de vender os
pães e dar o café como brinde, no horário do expediente.
A partir desse momento, comecei a falar para mim mesma,
dentro da minha cabeça: não sou da Comissão de Ética, não sou da Comissão de
Ética... Então, eu peguei meu pão de queijo, agradeci, entrei no edifício, e me dirigi a minha sala, não acreditando no que acabara de acontecer.
Comentando sobre o ocorrido com o pessoal da minha Seção, as poucas dúvidas sobre a história foram sanadas. A senhorinha do café da manhã, de fato, é uma copeira muito antiga, que trabalha no nono andar do prédio. Há muito tempo ela vende os seus pãezinhos na entrada dos servidores. Mas o café, não.
Discutindo sobre o fato, houve quem a defendesse: “Mas ela não cobrava pelo café!”. É certo que o problema na conduta da ingênua senhora não é exatamente esse. Exercer atividade particular durante o horário de trabalho é antiético, fere a jornada de trabalho, remunerada pelos cofres públicos. Além disso, cabe à instituição a destinação do café, e aos seus servidores, o consumo.
A Comissão de Ética foi comunicada e tomou as providências para o caso.
Comentando sobre o ocorrido com o pessoal da minha Seção, as poucas dúvidas sobre a história foram sanadas. A senhorinha do café da manhã, de fato, é uma copeira muito antiga, que trabalha no nono andar do prédio. Há muito tempo ela vende os seus pãezinhos na entrada dos servidores. Mas o café, não.
Discutindo sobre o fato, houve quem a defendesse: “Mas ela não cobrava pelo café!”. É certo que o problema na conduta da ingênua senhora não é exatamente esse. Exercer atividade particular durante o horário de trabalho é antiético, fere a jornada de trabalho, remunerada pelos cofres públicos. Além disso, cabe à instituição a destinação do café, e aos seus servidores, o consumo.
A Comissão de Ética foi comunicada e tomou as providências para o caso.
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