Após uma semana de
trabalho exaustivo e de muitos problemas interpessoais no Ministério, me pego,
após o expediente de sexta-feira, às 18h40, trancando minha sala e saindo pelos
corredores, cantando “Go down, Moses”, tradicionalmente interpretada por Armstrong.
A canção conta a história sobre a libertação do Povo de Israel da escravidão no
Egito, nos tempos do velho testamento da Bíblia.
Inconscientemente, a
canção me veio à mente e eu não pude conter a sua melodia belíssima, ia andando
e cantando “[...] let my people go”. O espírito dessa música expressa
exatamente como me eu me sentia naquele momento após a dura semana que tivera.
Era como se, finalmente, guardadas as devidas proporções, estivesse me
libertando do que tomara o meu tempo e me escravizara as forças.
É assim que se sente
quando se dedica ao trabalho, doando-se da melhor maneira, e recebendo, em
troca, críticas sem fundamento e perseguição. A sensação é de que, apesar da
remuneração, o trabalho é escravo. Não há reconhecimento, nem valorização, não
há uma equipe de trabalho, tão somente um grupo desarticulado e desmotivado. É
lamentável que a estrutura do Poder Executivo federal se encontre a esse pé...
Imagino que o povo no
Egito encontrava-se assim: desmotivado, desarticulado, sem quem pudesse
enfrentar o Faraó, as pessoas se submetiam ao trabalho forçado, sem esperanças
de uma vida livre, para, enfim, viverem seus sonhos, suas vidas de forma digna,
em família. Em síntese, uma desgraça.
Eu não sou formada em
Piscologia, nem possuo capacitação na área de recursos humanos, mas, como se
diz, a vida é uma escola; não é preciso ter formação acadêmica – sem desmerecer
aqueles que estudam para gerir pessoas – para aprender que “O diálogo é a base
para o fortalecimento de qualquer relacionamento”. Essa afirmação foi dita pelo
presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir
Cavalcante, e expressa com perfeição a solução que eu considero viável para a
situação que eu vivi nesta semana fatídica: diálogo. Esta também foi, a
princípio, a solução efetivada por Moisés para levar o povo do Egito –
infelizmente, o Faraó era ruim de negociação e a manifestação divina se
encarregou de pôr um ponto final na escravidão, de maneira dolorosa para os
egípcios.
Concluindo, é uma pena
que a pessoa com quem eu tivera problemas no trabalho não tenha aprendido, em
30 anos de serviço público, o poder da comunicação... Imposições e autoritarismos não resolvem relacionamentos! Bem, ela poderá contar com
minha força de trabalho, enquanto eu estiver ali, afinal o meu serviço é para o
Estado, não para uma pessoa específica (oras, apliquemos o princípio
constitucional da impessoalidade!), mas minha amizade ela não terá. Eis o nosso
setor mais desmotivado ainda... todo mundo sai perdendo.
Trago, então, à mente
aquilo que pode me dar esperanças: “let my people go...”