sábado, 1 de setembro de 2012

GO DOWN, ANA.



Após uma semana de trabalho exaustivo e de muitos problemas interpessoais no Ministério, me pego, após o expediente de sexta-feira, às 18h40, trancando minha sala e saindo pelos corredores, cantando “Go down, Moses”, tradicionalmente interpretada por Armstrong. A canção conta a história sobre a libertação do Povo de Israel da escravidão no Egito, nos tempos do velho testamento da Bíblia.
Inconscientemente, a canção me veio à mente e eu não pude conter a sua melodia belíssima, ia andando e cantando “[...] let my people go”. O espírito dessa música expressa exatamente como me eu me sentia naquele momento após a dura semana que tivera. Era como se, finalmente, guardadas as devidas proporções, estivesse me libertando do que tomara o meu tempo e me escravizara as forças.
É assim que se sente quando se dedica ao trabalho, doando-se da melhor maneira, e recebendo, em troca, críticas sem fundamento e perseguição. A sensação é de que, apesar da remuneração, o trabalho é escravo. Não há reconhecimento, nem valorização, não há uma equipe de trabalho, tão somente um grupo desarticulado e desmotivado. É lamentável que a estrutura do Poder Executivo federal se encontre a esse pé...
Imagino que o povo no Egito encontrava-se assim: desmotivado, desarticulado, sem quem pudesse enfrentar o Faraó, as pessoas se submetiam ao trabalho forçado, sem esperanças de uma vida livre, para, enfim, viverem seus sonhos, suas vidas de forma digna, em família. Em síntese, uma desgraça.
Eu não sou formada em Piscologia, nem possuo capacitação na área de recursos humanos, mas, como se diz, a vida é uma escola; não é preciso ter formação acadêmica – sem desmerecer aqueles que estudam para gerir pessoas – para aprender que “O diálogo é a base para o fortalecimento de qualquer relacionamento”. Essa afirmação foi dita pelo presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, e expressa com perfeição a solução que eu considero viável para a situação que eu vivi nesta semana fatídica: diálogo. Esta também foi, a princípio, a solução efetivada por Moisés para levar o povo do Egito – infelizmente, o Faraó era ruim de negociação e a manifestação divina se encarregou de pôr um ponto final na escravidão, de maneira dolorosa para os egípcios.
Concluindo, é uma pena que a pessoa com quem eu tivera problemas no trabalho não tenha aprendido, em 30 anos de serviço público, o poder da comunicação... Imposições e autoritarismos não resolvem relacionamentos! Bem, ela poderá contar com minha força de trabalho, enquanto eu estiver ali, afinal o meu serviço é para o Estado, não para uma pessoa específica (oras, apliquemos o princípio constitucional da impessoalidade!), mas minha amizade ela não terá. Eis o nosso setor mais desmotivado ainda... todo mundo sai perdendo.
Trago, então, à mente aquilo que pode me dar esperanças: “let my people go...”