Não ata, nem
desata; chove não molha; lengalenga; cruzar os braços. Essas são apenas algumas
da infinidade de expressões que nossa rica cultura brasileira possui. Mas o que
significa, afinal, “chove não molha”? O que quer dizer “não ata, nem desata”?
Todas essas expressões, muitas vezes usadas de maneira despretensiosa, podem
nos levar a uma profunda reflexão sobre o nosso comportamento. E uma vez
relacionadas à ética, elas inspiram várias lições importantes que todos os
brasileiros deveriam aprender.
A indiferença e apatia são problemas
enraizados na nossa cultura. Muitas vezes, elas sequer são percebidas, pois
revelam apenas o comportamento a que todos estão acostumados; cruzar os braços
se tornou uma atitude normal. Embora culturalmente aceitável, mas de forma
velada, a inércia foi tomando conta do cotidiano brasileiro. Nas repartições
públicas, no comércio, na rua, todo mundo faz de conta que está tudo certo,
quando, na verdade, não está.
E assim, a
indiferença vai banalizando o mal. Por que não nos constrangemos em avançar o
sinal vermelho no trânsito, mesmo que isso seja uma infração? Por que
protelamos nosso serviço no trabalho, e nem mesmo nos sentimos mal por isso? Por
que já não nos importamos em cumprimentar nosso vizinho no saguão do prédio? Por
que sempre damos um jeitinho de achar que é normal não fazer o que é certo?
Agimos assim só por que todo mundo age igual?
A lição é
esta: não se pode ficar nesse “chove não molha”. Estamos correndo o sério risco
de deixarmos de ser quem realmente somos. Nossa identidade está em jogo! Não
somos uma multidão sem nome, gerada pelo costume. Somos brasileiros, temos coração.
Chega da lengalenga de nos conformarmos com o mal na nossa cultura, no nosso
trabalho, nos nossos relacionamentos. Basta dessa indiferença que “não ata, nem
desata”.
Ana Maria Machado
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