sábado, 24 de maio de 2014

COTAS PARA NEGROS EM CONCURSOS PÚBLICOS: UM ABSURDO OU UM PRECONCEITO?



Nos últimos dias, recebi a notícia que o projeto de lei que prevê cotas de 20% das vagas em concursos públicos para negros e pardos havia sido aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e encaminhada para sanção presidencial.  Ao publicar na rede social uma frase que expressava meu descontentamento com relação às cotas para negros em concursos - estava engasgado na garganta - “Cotas para negros em concursos públicos é um absurdo.”, fizeram-me uma pergunta: “não será isso preconceito?”.
Não é preconceito, afirma-se antecipadamente. É, aliás, um conceito muito bem consolidado. Até onde eu saiba, liberdade de expressão ainda é um direito previsto na Constituição Federal, e para os juristas democráticos, ele pode ser exercido amplamente, sem censura. O uso abusivo desse direito é que é condenado e implica no discurso do ódio. Esse discurso consiste em fazer recair o que se expressa no momento sobre uma pessoa (ou sobre um grupo delas), e não sobre o assunto correlato. Esse não é o caso da opinião que ora manifestei.
Cotas para negros em concursos públicos é um absurdo, sim. E isso não é a expressão de um preconceito; é a expressão de uma opinião. Não é o fato de ser negro que considero um absurdo; isso seria discriminatório. Absurdo é o Estado tratar a população negra com uma regalia que não vai corrigir os erros cometidos no passado, nem os do presente. Além de ser inócua, a concessão de cotas para negros fomenta um conflito social desnecessário, e gera, em relação à população branca, desigualdade de concorrência, em oposição à igualdade, direito fundamental cultivado pelo Direito.
Os negros constituem hoje maior parte da população do Brasil, segundo o IPEA, totalizando cerca de 97 milhões de brasileiros (contra 91 milhões de brancos), o que os faz deixar de ser “minoria” no país. Ora, se as minorias são aqueles a quem costumeiramente o Estado destina suas ações afirmativas, como as cotas de reserva em concursos, por exemplo, não faz o menor sentido criar esse tipo de medida para mais da metade da população brasileira, em detrimento da minoria (branca). Quer dizer, o Estado criou um parâmetro para discriminar uma minoria, por que a maioria, a pretexto da cor da pele, precisa ser recompensada por um prejuízo histórico e social.
À situação das cotas para negros não se aplica a máxima “tratar os desiguais na medida das suas desigualdades”. Todo mundo é igual e ponto. Todos têm a mesma capacidade de estudar e vencer numa prova. O negro pode até ser menos favorecido financeiramente, em proporção, mas, considerando a sombra que assola o país, índio, branco, negro e estrangeiro são afetados da mesma forma. Se há um mal que deve ser combatido quanto a isso é a má distribuição de renda, esteja ela concentrada na mão de brancos ou negros.
Onde há igualdade, então, nas cotas nos concursos? Sinceramente, eu não sei. As pessoas que se manifestam contra essa política para negros são taxadas de preconceituosas! Não há mais liberdade de expressão, e também não há ampla concorrência em igualdade nos certames públicos... Quão efetiva é a nossa Constituição!!!

sexta-feira, 23 de maio de 2014

INCONSISTÊNCIA DA MODERNIDADE: PERDA DE TEMPO



Já dizia o ditado popular: “tempo é dinheiro”. Ninguém anda jogando dinheiro fora, nem dando a grana que possui para qualquer um na rua. Mas, então, por que a cada dia mais artifícios são criados com a finalidade de se “matar o tempo”? Se gasta o dinheiro com aquilo que não vai acrescentar em nada e ainda faz o tempo passar mais rápido. Uma inconsistência da modernidade. Existem muitos passatempos disponíveis por aí, e por meio deles as pessoas jogam fora o bem mais precioso que possuem. E ao mesmo tempo, você as ouve dizer: não tenho tempo!
Inúmeras opções de entretenimento, várias alternativas de programas, diversas possibilidades de se preencher a corrida agenda diária com atividades que matam o tempo. Não bastasse o tempo no trabalho, no trânsito, no restaurante, na academia e etc, as pessoas precisam preencher todo o seu tempo do dia com um monte de atividades que não servem para nada.
É certo que ninguém é uma máquina de trabalhar e que se deve parar para descansar e ter lazer; mas não há um momento do dia em que não se faz nada. Até nas horas de parar as pessoas estão fazendo algo; é uma necessidade insana de estar o tempo todo ocupado, mesmo que seja para passar o tempo. Uma incongruência da sociedade.
Erroneamente se diz que um papo entre amigos é “jogar conversa fora”. Mas, se for para “perder tempo”, que seja investindo em uma boa conversa, ao invés de jogá-lo no lixo assistindo televisão. A própria noção de perda de tempo se relativizou, pois o que outrora fora considerado riqueza, como, por exemplo, uma refeição em família, se reduziu ao ato de comer em frente ao computador, falando ao celular. Perda de tempo!
Na verdade, o que se busca com essa perda de tempo diária é preencher com um sentido o coração. A finalidade de se ocupar a agenda com mil atividades, a ponto de não haver tempo para mais nada, é ocupar o vazio da vida. As pessoas estão em busca de uma razão que lhes dê sentido de viver; não importa se essa razão não possui sentido algum. Por isso existe tanto entretenimento. Por isso matar o tempo é normal. Eis a inconsistência dos tempos de hoje.


“Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios.”

Salmos 90:12