segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

ÉTICA FICA BEM: 4. A camisa que todos devem vestir


Eis uma pequena charge que ilustra a cena de uma repartição pública. O desenho contempla duas mesas, três servidores vestidos socialmente, estáticos a contemplar Dona Marlene, que chega com mãos ocupadas com papeis. Esta uma mulher está vestida com uma roupa transparente, que choca seus colegas de trabalho, pois é possível visualizar a roupa íntima dela, constrangedoramente. No único balão da charge, lê-se o comentário de um dos servidores sobre a mulher: “Acho que a dona Marlene não entendeu a Lei da Transparência no Serviço Público.”.

Apesar de inicialmente despretensiosa, a pequena charge leva-nos a uma reflexão sobre diversos assuntos referentes à ética. Podemos imaginar os critérios que dona Marlene teria levado em conta para decidir ir trabalhar vestida daquela forma: qual a imagem que os cidadãos teriam dos serviços prestados pela servidora ao entrar naquela sessão? Podemos ponderar o desconforto dos colegas de dona Marlene no serviço; pensar na real aplicação da Lei da Transparência; refletir sobre nosso ambiente de trabalho, tentando identificar qualquer semelhança com o desenho irônico.

Como servidores conscientes de nosso valor, precisamos nos disciplinar a ter uma opinião sobre os assuntos relacionados a esses aspectos. Precisamos refletir sobre nossa postura dentro do ambiente de trabalho, afinal, temos uma enorme responsabilidade: somos visualizados 24 horas por dia como agentes públicos!

No caso da charge, concluímos que o bom senso seria um ponto de partida razoável para a solução de um dos problemas na repartição em que dona Marlene trabalha. Com relação as suas roupas, faltou-lhe bom senso para escolher o que vestir no ambiente de trabalho. Para manter-se impessoal no tratamento com o público externo, preservar a sua privacidade e a imagem da instituição, Marlene poderia ter escolhido roupas mais apropriadas.

A chefia da servidora ou até mesmo os seus colegas de trabalho, no caso, poderiam chamar-lhe a atenção com discrição, privativamente, a fim de resolver o constrangimento, sem problemas. Relacionamentos saudáveis no ambiente de trabalho inspiram honestidade nas relações, sem que haja rudeza ou hostilidade. Assim, servidores maduros e conscientes de seu valor sabem receber críticas e realizá-las observando os princípios éticos.

De toda forma, inspirados na história da dona Marlene, a conclusão é: o equilíbrio é sempre recomendável. Tanto na hora de vestir, como na hora de se relacionar no ambiente de trabalho, bem como no momento de elogiar e criticar o colega, o bom senso sempre fica bem. Essa é a camisa que todos devem vestir!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

ÉTICA FICA BEM: 3. Festa de Democracia

O período de eleições para um país como o Brasil deveria ser uma festa de democracia para toda a população. Afinal, o direito de votar é a legitimação do poder do povo. Mas, infelizmente, a liberdade, o respeito e a moralidade não é o que sempre reparamos nesse momento.

Pelas ruas, espalhado, encontra-se um vulto enorme de lixo gerado pelas propagandas eleitorais. Além disso, há candidatos que difamam os adversários, aqueles que desrespeitam as regras eleitorais para obter vantagens indevidas sobre os demais, e eleitores que agridem uns aos outros por causa de política. O que deveria ser o exercício legal de um direito passa a ser uma série de condutas imorais e atentatórias aos interesses públicos, lamentavelmente.

Preocupada com moralidade, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República resolveu divulgar algumas recomendações sobre esse momento no país:

Os servidores entusiastas de determinado candidato devem prestar muita atenção nas suas condutas durante o horário de trabalho, nas suas repartições. Durante a jornada de trabalho, não é permitido fazer campanha eleitoral. Recomenda-se que não se use material publicitário de candidatos dentro das Seções, tais como canetas, bonés, santinhos, camisetas, chaveiros, calendários e outros brindes típicos desse momento. É necessário manter a impessoalidade no exercício da função pública;

Os servidores que se candidataram a algum cargo eletivo devem seguir as orientações da Advocacia Geral da União já divulgadas com antecedência. Com relação a eles, é importante lembrar que quem atende ao padrão ético do Serviço Público não deve se utilizar do ambiente de trabalho para angariar votos, nem contar com a utilização de recursos materiais, humanos ou eletrônicos do órgão para fazer campanha eleitoral. Aquele que infringe essas regras, além de ser antiético, comete crime eleitoral, e não merece ser eleito.

A missão de cada um é trabalhar para o engrandecimento da nação, para a finalidade pública. Dessa forma, o agente público não pode perder de vista que dentro ou fora da Seção, ele deve se conduzir de maneira ética e moral, pois representa o Estado; é uma pessoa pública. Durante as eleições, isso não muda, pelo contrário, é mais importante ainda.


Os servidores públicos podem colaborar para que as eleições sejam uma festa de democracia! Para isso, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República sugere a leitura da Cartilha sobre as eleições de 2014, disponível no site dela: http://etica.planalto.gov.br/

Se você tem conhecimento de qualquer irregularidade ocorrida durante o período eleitoral, relacionado aos problemas citados acima, não deixe de contatar a Comissão de Ética do órgão.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A LUTA PELA IGUALDADE: UM TIRO PELA CULATRA


As mulheres lutam há bastante tempo por sua emancipação. Reivindicam direitos sociais e políticos, igualdade, mercado de trabalho, liberdade sexual e por aí vai. Em termos de respeito e valor, não há como negar que grande avanço foi conquistado. Ao longo da história, a mulher sofreu diversas discriminações, com o aval da sociedade machista, dependendo em tudo das permissões que cabia somente aos homens lhes conceder. Hoje, no Brasil, a mulher pode manifestar sua opinião, trabalhar e receber o seu salário em equivalência ao do homem, participar da vida política do país, ser tratada com dignidade dentro de casa. É notório que muitos dos direitos conquistados até os dias de hoje são legítimos e nada menos que justos, mas há muito ainda o que avançar na luta pela valorização da mulher.
Entretanto, analisando bem a trajetória da mulher, percebe-se que a busca pela igualdade, em alguns aspectos, saiu como um tiro pela culatra. Muitas vezes, a mulher, inspirada pela tirania com a qual foi tratada, sob o ódio cultivado no decorrer do tempo, espelhou o seu ideal de igualdade no reflexo mais obscuro e desprezível do homem. Ao invés de desejar a liberdade para constituir a sua família em pé de igualdade com seu esposo, por exemplo, a mulher passou a desejar a vida promíscua, caracterizada pela pluralidade de parceiros e a opção de escolha entre relacionamentos homo e heterossexuais.
Algumas mulheres, a pretexto de exercerem os direitos de sua tão preciosa emancipação, usam seu poder indevidamente para desprezar os filhos, ridicularizar os colegas, chantagear o marido, menosprezar os que estiverem a sua volta, não fazendo nada a menos que repetir o duro comportamento que os homens lhes conferiram por tanto tempo, despejando sua cólera em cima dos outros. Essa conduta é completamente reprovável e revela a conquista de uma igualdade equivocada.
A ideia de igualdade deve tomar sempre como parâmetro a noção de homem íntegro, trabalhador, decente, fiel, dedicado à família. Caso contrário, a mulher se tornará tão caída quanto o seu opressor. Esse tipo de igualdade, caída, distorcida, jamais deve ser desejado pelas mulheres, porque não as edifica, nem colabora para uma sociedade melhor.
Além desse aspecto, as vantagens que se imaginava em obter conquistando o mercado de trabalho não parecem hoje tão benéficas assim. Se antes a mulher, deveria zelar por sua casa, cuidar dos filhos, cozinhar e satisfazer o seu marido, agora, ela faz tudo isso e deve ainda muito mais. A participação da mulher no orçamento da casa deposita sobre ela uma responsabilidade adicional, pois além dos afazeres da casa, ela lida com as obrigações decorrentes do trabalho fora, e embora existam alguns maridos que ajudem no cuidado da casa, o padrão mais comum é o de deixar mais esse dever a cargo da mulher.
Quando a mulher deseja fugir das obrigações dentro casa, para dedicar-se ao trabalho, eximindo-se de exercer o seu precioso valor como mãe, filha, esposa, a tendência é que ela caminhe para o lado oposto da relação entre trabalho e família. Ela passa a se ausentar, deixar os filhos em creche de tempo integral, se abster dos relacionamentos domésticos e permitir que o ritmo da vida familiar seja ditado pela televisão ou pelas empregadas domésticas, deixando a cargo da escola a educação das crianças, e do entretenimento, o afeto que deveria dedicar ao esposo.
As mulheres mais jovens de hoje também deixaram de se envolver com as tarefas domésticas e estão pouco a pouco perdendo as noções básicas de como preparar uma refeição, organizar a casa, limpar as coisas, arrumar suas roupas. Infelizmente, a sociedade se voltou de tal forma às necessidades de formação profissional e ingresso qualificado no mercado de trabalho, que as mulheres não veem outro imperativo senão o de se dedicar a ter uma carreira profissional; estão se tornando cada vez mais alienadas da vida cotidiana doméstica e despreparadas para darem conta de si mesmas.
Diante dessas coisas todas, não acredito que as mulheres devam retroceder na sua luta. A igualdade é um valor essencial à vida digna, e não há como se falar em sociedade justa sem que a ideia de igualdade esteja presente. Essa ideia se relaciona a máxima de que os desiguais são tratados igualmente na medida de suas desigualdades, pois homem e mulher jamais serão iguais em tudo.
Com esses argumentos defendo a redefinição da igualdade, defendo a reflexão sobre o verdadeiro papel da mulher na família, no trabalho, na política. Acredito que as feministas foram longe demais e reivindicaram para as mulheres uma igualdade equivocada, uma liberdade desprezível e o fardo pesado do trabalho fora de casa, que nos sobrecarrega. É hora de as mulheres refletirem os verdadeiros valores que as empurra a ver e viver a vida como a modernidade impõe.
Eu entendo que a luta da mulher não deve ser exercida a fim de alcançar anarquia (na política e dentro da família) ou a libertinagem, mas, sim, com a finalidade de engrandecer a família, o trabalho, a política. Da forma como é, diferente do homem, a mulher pode e deve influenciar sua família, seus colegas de trabalho, o desenvolvimento do país de maneira positiva, demonstrando valores de respeito, dedicação, honestidade, reconhecimento dos méritos à sociedade.
Sinceramente, acho que as mulheres deviam buscar diminuir suas cargas horárias de trabalho fora de casa; deviam se dedicar mais à família, principalmente se forem casadas e tiverem filhos. Se a questão financeira as impede disso, então, a justificativa para a penosa opção de trabalhar em tempo integral é razoável, mas sempre que possível, as mulheres deveriam priorizar seus relacionamentos.

Àquelas que envidam todas as suas forças na busca pela realização profissional, recomendo uma reflexão sobre a verdadeira razão disso. Mesmo que ela não queira ser mãe, o que para mim já é uma faceta perigosa da luta encabeçada pela parcela mais radical de feministas, pelo menos, não deve fugir ao seu compromisso de zelo consigo mesma. Mulher, aprenda a cozinhar e organizar o seu espaço, cuide de sua saúde, faça atividade física, leia bons livros e tenha relacionamentos com as pessoas de sua família. Não permita que a igualdade seja um tiro pela culatra; o mundo precisa de vocês.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

ÉTICA FICA BEM: 2. Nossa vida, uma rede social.

Como disse na última postagem, um dos planetas no meu planetário é a Comissão de Ética da qual faço parte. Durante esses quase dois anos que tenho atuado como Conselheira, soube de muitas histórias de condutas antiéticas, tive contato com muitas pessoas que valorizam a ética, recebi várias denúncias de irregularidades no órgão, soube de exemplos bem sucedidos e troquei experiências com Conselheiros de outras comissões.

Toda essa carga de informações despertou em mim o interesse de escrever sobre ética na Administração Pública Federal. Assim, sinto a necessidade de colaborar, além da minha atuação na Comissão, fomentando a atitude ética aos servidores. 

É a série ÉTICA FICA BEM. Segue mais um texto.

Nossa vida: uma rede social.


O ser humano é por natureza um animal social, como já constatara Aristóteles. Numa linguagem moderna, nossa vida é uma rede social, composta por muitas relações: no trabalho, na família, na escola, na igreja.

Com o amplo acesso à internet, popularizou-se a utilização de programas de relacionamento e redes sociais. Por meio de tablets, smartphones, notebooks, qualquer pessoa se conecta ao mundo, não importando o lugar e a hora. Todo esse acesso, se bem utilizado, pode promover um relacionamento positivo entre as pessoas.

Porém, se mal utilizado, o acesso às redes pode ser um problema. O grande fator para que isso ocorra é utilização não criteriosa da rede e dos dispositivos. Conectar-se à rede no lugar e na hora errados pode ser muito inconveniente. Há pessoas por aí viciadas em facebook, twitter, instagram, e whatsapp, por exemplo; a qualquer hora que você as encontre, elas estarão de olho no dispositivo móvel. Chega a ser uma dependência psicológica e isso não pode ser saudável.

Imagine um servidor público que não consegue “desgrudar” do celular, porque o tempo todo recebe notificações das redes sociais das quais faz parte, prejudicando suas atividades no trabalho. Imagine também um colaborador do serviço que fica “pedurado” no telefone, falando com a família inteira durante a jornada de trabalho. Situações como essas devem ser evitadas por aqueles que prezam pela ética.

O Código de Ética dos Servidores Públicos do Poder Executivo Federal, sobre esse assunto, diz:
XIV - São deveres fundamentais do servidor público:

a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que seja titular;
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor que exerça suas atribuições, como fim de evitar dano moral ao usuário;

Dessa forma, por mais social que a pessoa seja, ela deve ter em mente que existe momento adequado para acessar os dispositivos que possui, e que é necessário ter bom senso e equilíbrio na sua utilização. Quando se trata, então, de um agente público, é preciso ter um cuidado ainda maior com essa questão. 

O serviço público está relacionado intimamente com o interesse público, que é a finalidade pela qual os órgãos existem. O servidor não pode simplesmente deixar o seu chefe ou o cidadão usuário do serviço esperando, porque está conferindo sua conta no facebook!


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

ÉTICA FICA BEM: 1. PÃO DE QUEIJO, CAFÉ E ÉTICA

Um dos planetas no meu planetário é a Comissão de Ética da qual faço parte. Durante esses quase dois anos que tenho atuado como Conselheira, soube de muitas histórias de condutas antiéticas, tive contato com muitas pessoas que valorizam a ética, recebi várias denúncias de irregularidades no órgão, soube de exemplos bem sucedidos e troquei experiências com Conselheiros de outras comissões.


Toda essa carga de informações despertou em mim o interesse de escrever sobre ética na Administração Pública Federal. Sinto a necessidade de colaborar, além da minha atuação na Comissão, fomentando a atitude ética aos servidores. Aqui, portanto, inauguro agora uma série de postagens cujos temas permeiam a ética e os valores morais pelos quais se deve pautar um servidor público. É a série ÉTICA FICA BEM. 

São histórias inspiradas em casos reais de denúncias, que, sempre, quando for o caso, ocultarão o nome dos verdadeiros envolvidos, textos motivadores e informativos sobre ética. Espero que a leitura dos posts leve cada leitor a uma reflexão e mudança de atitude.

1. PÃO DE QUEIJO, CAFÉ E ÉTICA



Cheguei ao trabalho de carro, de carona, desembarquei do lado do estacionamento, por volta das 6h30 da manhã, e, antes de entrar no prédio, resolvi comprar um pãozinho com a senhora que estava à porta com uma banquinha de café da manhã. Perguntei quanto era o pão de queijo e ela disse que custava R$3,00. Depois, perguntei quanto era o cafezinho e, para minha surpresa, a senhora da banca começou a discursar orgulhosamente, dizendo que seria incapaz de cobrar o café, que uma coisa dessas não se faz e tal.

Esperando o pão de queijo e o copo de café, olhando para ela, pude perceber que ela portava o crachá de acesso ao Órgão. Seu  rosto me pareceu familiar. Enquanto ela dizia que muitas bancas de pães cobram pelo café, mas ela não, ela preparou uma sacola com o pão de queijo. Continuando o discurso, ela confessou que o café era da Instituição e que por isso ela nunca poderia cobrar os seus clientes pela bebida! Ela apenas apanhava a garrafa com o café coado na copa do nono andar e descia para o térreo, a fim de vender os pães e dar o café como brinde, no horário do expediente.

A partir desse momento, comecei a falar para mim mesma, dentro da minha cabeça: não sou da Comissão de Ética, não sou da Comissão de Ética... Então, eu peguei meu pão de queijo, agradeci, entrei no edifício, e me dirigi a minha sala, não acreditando no que acabara de acontecer.

Comentando sobre o ocorrido com o pessoal da minha Seção, as poucas dúvidas sobre a história foram sanadas. A senhorinha do café da manhã, de fato, é uma copeira muito antiga, que trabalha no nono andar do prédio. Há muito tempo ela vende os seus pãezinhos na entrada dos servidores. Mas o café, não.

Discutindo sobre o fato, houve quem a defendesse: “Mas ela não cobrava pelo café!”. É certo que o problema na conduta da ingênua senhora não é exatamente esse. Exercer atividade particular durante o horário de trabalho é antiético, fere a jornada de trabalho, remunerada pelos cofres públicos. Além disso, cabe à instituição a destinação do café, e aos seus servidores, o consumo.

A Comissão de Ética foi comunicada e tomou as providências para o caso.


sábado, 24 de maio de 2014

COTAS PARA NEGROS EM CONCURSOS PÚBLICOS: UM ABSURDO OU UM PRECONCEITO?



Nos últimos dias, recebi a notícia que o projeto de lei que prevê cotas de 20% das vagas em concursos públicos para negros e pardos havia sido aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e encaminhada para sanção presidencial.  Ao publicar na rede social uma frase que expressava meu descontentamento com relação às cotas para negros em concursos - estava engasgado na garganta - “Cotas para negros em concursos públicos é um absurdo.”, fizeram-me uma pergunta: “não será isso preconceito?”.
Não é preconceito, afirma-se antecipadamente. É, aliás, um conceito muito bem consolidado. Até onde eu saiba, liberdade de expressão ainda é um direito previsto na Constituição Federal, e para os juristas democráticos, ele pode ser exercido amplamente, sem censura. O uso abusivo desse direito é que é condenado e implica no discurso do ódio. Esse discurso consiste em fazer recair o que se expressa no momento sobre uma pessoa (ou sobre um grupo delas), e não sobre o assunto correlato. Esse não é o caso da opinião que ora manifestei.
Cotas para negros em concursos públicos é um absurdo, sim. E isso não é a expressão de um preconceito; é a expressão de uma opinião. Não é o fato de ser negro que considero um absurdo; isso seria discriminatório. Absurdo é o Estado tratar a população negra com uma regalia que não vai corrigir os erros cometidos no passado, nem os do presente. Além de ser inócua, a concessão de cotas para negros fomenta um conflito social desnecessário, e gera, em relação à população branca, desigualdade de concorrência, em oposição à igualdade, direito fundamental cultivado pelo Direito.
Os negros constituem hoje maior parte da população do Brasil, segundo o IPEA, totalizando cerca de 97 milhões de brasileiros (contra 91 milhões de brancos), o que os faz deixar de ser “minoria” no país. Ora, se as minorias são aqueles a quem costumeiramente o Estado destina suas ações afirmativas, como as cotas de reserva em concursos, por exemplo, não faz o menor sentido criar esse tipo de medida para mais da metade da população brasileira, em detrimento da minoria (branca). Quer dizer, o Estado criou um parâmetro para discriminar uma minoria, por que a maioria, a pretexto da cor da pele, precisa ser recompensada por um prejuízo histórico e social.
À situação das cotas para negros não se aplica a máxima “tratar os desiguais na medida das suas desigualdades”. Todo mundo é igual e ponto. Todos têm a mesma capacidade de estudar e vencer numa prova. O negro pode até ser menos favorecido financeiramente, em proporção, mas, considerando a sombra que assola o país, índio, branco, negro e estrangeiro são afetados da mesma forma. Se há um mal que deve ser combatido quanto a isso é a má distribuição de renda, esteja ela concentrada na mão de brancos ou negros.
Onde há igualdade, então, nas cotas nos concursos? Sinceramente, eu não sei. As pessoas que se manifestam contra essa política para negros são taxadas de preconceituosas! Não há mais liberdade de expressão, e também não há ampla concorrência em igualdade nos certames públicos... Quão efetiva é a nossa Constituição!!!

sexta-feira, 23 de maio de 2014

INCONSISTÊNCIA DA MODERNIDADE: PERDA DE TEMPO



Já dizia o ditado popular: “tempo é dinheiro”. Ninguém anda jogando dinheiro fora, nem dando a grana que possui para qualquer um na rua. Mas, então, por que a cada dia mais artifícios são criados com a finalidade de se “matar o tempo”? Se gasta o dinheiro com aquilo que não vai acrescentar em nada e ainda faz o tempo passar mais rápido. Uma inconsistência da modernidade. Existem muitos passatempos disponíveis por aí, e por meio deles as pessoas jogam fora o bem mais precioso que possuem. E ao mesmo tempo, você as ouve dizer: não tenho tempo!
Inúmeras opções de entretenimento, várias alternativas de programas, diversas possibilidades de se preencher a corrida agenda diária com atividades que matam o tempo. Não bastasse o tempo no trabalho, no trânsito, no restaurante, na academia e etc, as pessoas precisam preencher todo o seu tempo do dia com um monte de atividades que não servem para nada.
É certo que ninguém é uma máquina de trabalhar e que se deve parar para descansar e ter lazer; mas não há um momento do dia em que não se faz nada. Até nas horas de parar as pessoas estão fazendo algo; é uma necessidade insana de estar o tempo todo ocupado, mesmo que seja para passar o tempo. Uma incongruência da sociedade.
Erroneamente se diz que um papo entre amigos é “jogar conversa fora”. Mas, se for para “perder tempo”, que seja investindo em uma boa conversa, ao invés de jogá-lo no lixo assistindo televisão. A própria noção de perda de tempo se relativizou, pois o que outrora fora considerado riqueza, como, por exemplo, uma refeição em família, se reduziu ao ato de comer em frente ao computador, falando ao celular. Perda de tempo!
Na verdade, o que se busca com essa perda de tempo diária é preencher com um sentido o coração. A finalidade de se ocupar a agenda com mil atividades, a ponto de não haver tempo para mais nada, é ocupar o vazio da vida. As pessoas estão em busca de uma razão que lhes dê sentido de viver; não importa se essa razão não possui sentido algum. Por isso existe tanto entretenimento. Por isso matar o tempo é normal. Eis a inconsistência dos tempos de hoje.


“Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios.”

Salmos 90:12

sexta-feira, 7 de março de 2014

METRÔ OU CARRO: EIS A QUESTÃO!


Não é de se admirar que os cidadãos de Brasília adquiram cada dia mais os seus próprios veículos automotores. Com as condições de compra facilitada das concessionárias e considerando o péssimo transporte público de que Brasília dispõe hoje, não é para menos que nossas vias estejam entupidas de carros e motocicletas.

Mas para quem deve escolher entre enfrentar o trânsito infernal da EPTG na sua própria condução em horário de pico, ou o empurra-empurra dos ônibus e do metrô, parece uma opção mais confortável sair de casa para o trabalho utilizando o veículo próprio, ainda que seja necessário partir com uma hora e meia de antecedência. Assim, ao menos o assento é garantido.

É bem verdade que essa solução adotada por muitos brasilienses não é nada sustentável. Os engarrafamentos comprometem a qualidade de vida de muita gente: a poluição sonora e atmosférica são perturbadoras, sem contar com o stress de enfrentar engarrafamentos desde o início até o fim do percurso. A sociedade urge por melhoras no transporte da cidade com urgência. A solução mais viável para a situação é o transporte coletivo; isso é unanimidade.

Quem já passou pela experiência de pegar o metrô às 7h45, na estação da Praça do Relógio, em direção à estação central, por exemplo, sabe como os trens já estão cheios. Há dias em que se faz necessário esperar pelo segundo ou terceiro carro até que se tenha chance de ingressar. O fato é que além da problemática do pequeno número de trens rodando no horário de pico, os usuários desse transporte não sabem se comportar nas estações e no interior dos veículos.

Muitas pessoas se arriscam, espremendo-se para, literalmente, caber no trem, enquanto as portas se fecham. Elas correm pelos corredores das estações, em tempo de empurrar e machucar alguém, para garantir uma vaga apertada no vagão do carro que já está fechando as portas. Na estação central, os passageiros que pretendem ingressar no trem engalfinham-se para assegurar um lugar para sentar ou encostar. Existem também aqueles que atrapalham os demais a entrar e sair dos vagões, porque “precisam” ficar na porta do carro.

Esses problemas agravam as condições já comprometidas do transporte metroviário. O cerne da questão no metrô concentra-se em dois aspectos: a má educação dos usuários e o pequeno número de trens rodando. A qualidade do atendimento, das instalações e dos carros do metrô é relativamente satisfatória; mas o que deixa muito a desejar mesmo são os problemas relatados acima.

Assim, apesar de ser uma alternativa que, a princípio, seria excelente àqueles que não gostariam de ir para o trabalho no próprio carro, o metrô se tornou um drama aos usuários que dependem dele. Mas de uma forma ou outra, o trânsito se encontra muito complicado. Seja de metro ou de carro, o cidadão se deparará com uma situação caótica e estressante. Difícil é escolher o meio de transporte em Brasília!

COMO ACONTECEM AS HISTÓRIAS DE AMOR - PARTE IV

Continuação de "Como Acontecem as Histórias de Amor"

ÚLTIMA PARTE!

Chegando em casa, Isaac abriu a porta para que eu entrasse antes. Sentado no sofá, estava o meu pai, assistindo televisão. Cheguei tão efusiva do calor do momento que por pouco não lhe dei um susto. “Pai, eu fiquei noiva! Mas tem um detalhe: eu não consigo mais tirar o anel do meu dedo!!!” Meu pai saltou do seu assento e muito feliz veio nos abraçar. O sorriso dele era de quem estava muitíssimo satisfeito com a notícia.

Mas sem demora, analisou a minha mão e viu que o caso era sério. “Corra para o banheiro e lave bem a mão com bastante sabão. Já estou indo atrás de você para tirarmos esse anel daí.” Isaac acompanhava cada passo meu minuciosamente, preocupado visivelmente com a situação. Meu pai, entretanto, lhe disse que tivesse calma, porque ia ficar tudo bem.

No hospital, além de exercer suas tarefas nos tantos setores pelos quais passou, aquele enfermeiro havia aprendido muitas técnicas para atendimento de primeiros socorros. Ele estava pronto para um atendimento urgente ali na sua própria casa. Passando a ponta de um pequeno laço de embrulho de presente com auxílio de uma tesoura fina de um lado para o outro da aliança, ele começa a rodar a aliança, puxando a fita para cima. O anel começa a deslizar vagarosamente no dedo já roxo a esse ponto da noite.

A dor que eu sentia era tão grande que, exageros à parte, pensei seriamente que eu fosse perder o meu dedo. Meu pai, porém, não se deixou abater pelas minhas lágrimas e continuou o seu procedimento. Ele estava seguro do que fazia. Isaac, atordoado, me apertava pelo outro lado, pedindo que eu tivesse calma que o anel estava saindo. No banheiro, estávamos os três envolvidos na operação “Retira Anel”. Minha irmã, mais atônita de todas as pessoas presentes, pulava na porta do banheiro, nervosa com tudo aquilo, sofrendo com a minha dor.

Depois de uns cinco minutos de tortura, mordi a toalha de rosto para aguentar a dor e meu pai puxou a fita mais forte. Isaac me segurou firme e a aliança finalmente saiu! Que alívio! Imediatamente, Isaac preparou uma vasilha de gelo para que eu colocasse a mão dentro. O dedo estrangulado estava muito inchado, dolorido e roxo.

Agora, menos agitada e já sentada no sofá com meus pais e Isaac, começamos a sondar os motivos daquela confusão. Mais tarde, descobriríamos que a vendedora da joalheria teria ludibriado o meu noivo a comprar dois números a menos que o meu. Enfim, esse problema, nós resolveríamos depois.

O que interessava naquele momento era a sua importância para nós. Estávamos felizes demais para nos abatermos com aquela situação. Terminamos a noite comendo pastel de uma lanchonete aberta até aquela hora. Que pastel gostoso! O melhor de toda a minha vida.

Nossos pais, felizes, nessa noite, receberam cada um ao seu mais novo genro/nora como um filho/filha na família. Eles oraram conosco e nos abençoaram. Foi emocionante. 
E essa é a nossa história de amor.