sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Confiança X Ansiedade


Confiança X Ansiedade

"Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se! Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor. Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus." Filipenses 4:4-7

A ansiedade é o mal do século, dizem. Ela alcança um número cada vez mais expressivo de pessoas e se tornou um problema de saúde pública na modernidade. Talvez você mesmo já tenha experimentado a terrível experiência de estar ansioso. Mas esse problema não é um advento moderno; é antigo. E a Bíblia nos dá clara orientação a respeito da ansiedade.

O texto de filipenses fala sobre alegria (vs. 4), moderação (vs. 5), gratidão (vs. 6) e paz (vs. 7). Você pode estar se perguntando o que todas essas virtudes têm a ver com a ansiedade. Saiba, porém, que elas consistem na orientação bíblica sobre como combater esse mal. O apóstolo Paulo escreve aos filipenses, alertando sobre o problema: “Não andeis ansiosos de coisa alguma”. A ansiedade nos distancia de Deus, porque é o mesmo que admitir que não confiamos Nele. Então, precisamos combatê-la.

"Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." João 14:27

A pessoa que confia em Deus não deve temer mal algum, porque sabe que Ele é quem cuida de sua vida. A chave para vencer a ansiedade, segundo o texto de filipenses, é orar e entregar todas as preocupações ao Senhor; é se alegrar, mesmo quando o coração está perturbado; é esperar o agir de Deus, reconhecendo as bênçãos que Ele já tem dado, apesar das dificuldades da vida.

Reagir assim em meio a tantos pensamentos e preocupações não é realmente fácil, mas é o Senhor quem dá a paz “que excede todo o entendimento” e guarda a nossa mente. Só Nele podemos encontrar o descanso para o nosso coração. Se você se acha ansioso e atribulado, ore ao Senhor, entregando a sua vida. Tire um momento para falar com Deus e reafirmar a sua confiança nele. Caso se lembre de algum amigo que sofre com ansiedade, ore por ele também, para que Deus lhe dê paz.

Ana Maria Machado

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Chove não molha

Não ata, nem desata; chove não molha; lengalenga; cruzar os braços. Essas são apenas algumas da infinidade de expressões que nossa rica cultura brasileira possui. Mas o que significa, afinal, “chove não molha”? O que quer dizer “não ata, nem desata”? Todas essas expressões, muitas vezes usadas de maneira despretensiosa, podem nos levar a uma profunda reflexão sobre o nosso comportamento. E uma vez relacionadas à ética, elas inspiram várias lições importantes que todos os brasileiros deveriam aprender.
 A indiferença e apatia são problemas enraizados na nossa cultura. Muitas vezes, elas sequer são percebidas, pois revelam apenas o comportamento a que todos estão acostumados; cruzar os braços se tornou uma atitude normal. Embora culturalmente aceitável, mas de forma velada, a inércia foi tomando conta do cotidiano brasileiro. Nas repartições públicas, no comércio, na rua, todo mundo faz de conta que está tudo certo, quando, na verdade, não está.
E assim, a indiferença vai banalizando o mal. Por que não nos constrangemos em avançar o sinal vermelho no trânsito, mesmo que isso seja uma infração? Por que protelamos nosso serviço no trabalho, e nem mesmo nos sentimos mal por isso? Por que já não nos importamos em cumprimentar nosso vizinho no saguão do prédio? Por que sempre damos um jeitinho de achar que é normal não fazer o que é certo? Agimos assim só por que todo mundo age igual?
A lição é esta: não se pode ficar nesse “chove não molha”. Estamos correndo o sério risco de deixarmos de ser quem realmente somos. Nossa identidade está em jogo! Não somos uma multidão sem nome, gerada pelo costume. Somos brasileiros, temos coração. Chega da lengalenga de nos conformarmos com o mal na nossa cultura, no nosso trabalho, nos nossos relacionamentos. Basta dessa indiferença que “não ata, nem desata”.
Ana Maria Machado 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Se os donos de buldogue fossem tão fofinhos como os seus cães...

ATENÇÃO: Esse post foi alterado, para retirar ofensa dirigida ao Clube do Bulldogue Francês de Brasília, em retratação. A autora retira a expressão "imbecis" do seu texto, por haver se arrependido de tê-la utilizado, pois essa característica não representa as pessoas a quem se refere no post. Com isso, espera-se que o desfecho da história seja resolvido de maneira respeitosa.


Recentemente, meu esposo e eu recebemos das mãos de um amigo que está de viagem para o exterior o seu querido cãozinho. Nosso amigo está de mudança para o Canadá e nos deixou o Duque para cuidar, um cachorro dócil e muito amável. Como já temos duas cadelas em casa, sabíamos que não podíamos ficar com ele; o espaço seria pequeno. O coração ficou partido, porque a vontade era de adotá-lo, mas não tinha outro jeito. Começamos, então, a pensar em quem poderia ficar com o cachorrinho. (Só não pensamos em como essa história nos renderia muita dor de cabeça e uma bela lição de moral ao final).
Temos uma conhecida da nossa rua que adora cães. Ela vigia os carros no estacionamento público e mora próxima a nossa casa. A Márcia é uma pessoa muito bem quista pela vizinhança e se dá bem com todos. Além de cuidar dos nossos carros, ela tratou de ir logo fazendo amizade com todo mundo. Achamos que ela ia ficar contente com o presente. Daríamos o Duque para ela.
Trouxemos o cãozinho para ela e ela, é claro, adorou, se encantou por ele. Ficou um pouco preocupada, inicialmente, é verdade, mas logo se apegou ao Duque. A Márcia nunca havia criado um cachorro da raça dele, precisava conhecer as suas peculiaridades. Mas, mesmo diante da apreensão dela, achamos que fizemos a coisa certa. Ela nos contou que meses antes haviam furtado a cachorrinha dela e ela queria muito outro companheiro. O Duque veio a calhar!
Passadas poucas horas que havíamos deixado o Duque com a Márcia, alguns transeuntes começaram a achar estranho aquela “moradora de rua” acompanhada de um buldogue francês. Eu não sei se é porque a Márcia é pobre e negra ou se porque o buldogue é uma raça cara, ou as duas coisas, mas começaram a desconfiar que a Márcia havia “encontrado” o cachorro pela rua e resolvera ficar com ele. O julgamento contra ela foi duro, sem direito a ampla defesa e contraditório: além de confundirem-na com uma moradora de rua, puseram-se a questionar a sua índole.
A Márcia é uma mulher simples. Talvez nem ela mesma tenha percebido o olhar de condenação das pessoas que iam passando. Pararam e lhe ofereceram dinheiro pelo cachorro, mas ela se recusou; já estava apegada ao Duque. Fizeram-lhe muitas perguntas, tiraram foto do cãozinho e divulgaram as fotos do “encontrado” nas redes sociais. De um presente o cachorro passou a um objeto de delito, e assim foram crescendo as inúmeras especulações sobre o que realmente havia acontecido com o cão e o que ele estaria fazendo com aquela mulher na rua.
Até que meu esposo e eu tomássemos conta do tamanho da repercussão que o caso estava ganhando, a história (mal contada) e as suas mil interpretações já estavam circulando pelos grupos de whatsapp e facebook. Ouvimos e lemos muitas mentiras. Tudo isso nos indignou e magoou demais.
Quando decidimos doar o Duque para a Márcia, o fizemos com cautela. Nos certificamos de que ela iria cuidar bem dele e que teria condições. Jamais teríamos largado o cãozinho na rua, sem ter como sobreviver. Não faríamos isso, em consideração ao cachorrinho, mas também em consideração ao nosso amigo que nos presenteou o Duque. Nós temos as nossas buldogues, temos coração. Porém, muitas pessoas julgaram mal a capacidade de a Márcia oferecer um lar ao cachorro, e nos julgaram também por tê-la escolhido para isso.
No dia seguinte, nossa paz virou um inferno. Ligaram nos nossos números, enviaram mensagens pelo whatsapp e facebook, nos importunando e questionando a decisão de doar o cachorro para a Márcia. O amigável grupo de pessoas que compõem o Clube de Bulldogues tornou-se nosso carrasco cruel. Nos execraram. Não quiseram nos ouvir. Nossas explicações não eram o bastante. E deram início à caça à Márcia e ao Duque.
Não sei que tipo de trabalhador tem disponível o dia todo para buscar em torno de uma região imprecisa da cidade informações sobre onde uma senhora negra, pobre, que vigia carros e o seu cão poderiam estar. Mas certamente algumas pessoas do grupo de buldogues possuem uma jornada de trabalho bastante flexível, pois empenharam várias horas do dia para “resgatar” o Duque das mãos da moradora de rua. Gente ocupadíssima, do tipo que busca sempre mais o que fazer.
As buscas foram frustradas. Não encontraram a Márcia, apesar do grande esforço. Mas isso não seria problema. Infernizando a vida dos envolvidos, isto é, meu esposo, eu e nosso amigo, o grupo iria obter alguma informação do paradeiro da moradora de rua. Poderiam também chamar a polícia, a mídia e os grupos de resgate animal. Nada os impediria.
O amigo que nos deu o Duque, recebeu várias ligações durante todo o dia, insistindo para que ele pedisse o cachorro de volta. Queriam destinar o cão a um lar mais digno, em que as pessoas pudessem cuidar “melhor” dele. Acabaram com o sossego dele e o nosso. Estavam decididos a tirar o cachorro da mão da Márcia.
Mas não cedemos. Essa briga ia além de uma simples história de um cachorro e de uma vigia de carros. Estávamos diante de um caso escancarado de preconceito e discriminação. Na verdade, ainda estamos diante de um caso em que pessoas de uma classe social mais avantajada consideram indigna uma mulher pobre de possuir um cão cuja raça costumeiramente é criada por ricos. Estamos falando de um grupo extremado, semelhante ao dos fundamentalistas dos quais ouvimos todos os dias notícias escandalosas no jornal. Afinal, qual é o valor que essas pessoas dão a um ser humano?
No caso dos “resgatadores” do Duque, eles sequer pensaram em ajudar a Márcia a cuidar do cão. Pensaram, sim, em tirar o cachorro dela, pensaram em dar ao animal um lar “digno”. Mas não pensaram que talvez, nessa história toda, quem mais poderia estar precisando de melhores condições de vida é a própria Márcia. A cegueira idealista desse grupo em prol de buldogues não permitiu que vissem que a vida da Márcia, seus sentimentos, seu valor como pessoa prescinde a do buldogue.
Preocuparam-se se o Duque estaria morando em um barraco. Supuseram que a Márcia morava em um, mas isso não passou de pura especulação. A Márcia mora com seu filho e sua nora; ela não mora na rua, não habita em um barraco. Mas, mesmo que fosse verdade, ela não poderia ter um buldogue só porque mora em um barraco? O que é? Essa raça não pode morar em barracos? Humanos podem morar em barracos?
Hipócritas, isso sim! Um grupo que se importa com a aparência, se importa com o ter, em detrimento do ser. Invertem os valores da sociedade e se acham donos da verdade, acham que estão acima dela. Pessoas como essas, que acreditam que o buldogue confere um “status” social a uma categoria selecionada de criadores, e que não admitem que alguém fora dessa elite possa cuidar (e muito bem) de um cãozinho desses também.
Continuam nos assediando, mas não vamos retroceder. Continuaremos a apoiar a Márcia e dando o suporte necessário para que ela cuide do animal. O cachorro agora pertence a ela. Dona Márcia, mulher, negra, vigia de carros, mãe de quatro filhos, moradora de Taguatinga possui um buldogue francês, sim!

segunda-feira, 4 de maio de 2015

PRESTÍGIO, UM REAL.


Às 6h30 de hoje, eu acordei, me arrumei bem rápido, preparei um lanche para viagem e sai para o ponto de ônibus mais próximo de minha casa. Fiquei ali, de pé, por trinta minutos, na esperança de que a condução passasse para eu poder ir para o trabalho, mas foi em vão. Passou ônibus para Taguatinga Norte, Taguatinga Sul, Brazlândia, M Norte, W3 sul... Mas o bendito ônibus que vai para a Esplanada dos Ministérios não passou!
Desisti do ônibus e fui andando até a estação do metrô para tentar chegar o quanto antes ao trabalho. Atrasada eu já estava. Fazer o quê? Depender de transporte público é desse jeito mesmo.
Passando pelas catracas e descendo à plataforma do metrô, me dei conta que algum problema havia acontecido no dia. A estação estava cheia, lotada pela multidão à espera do próximo trem. Que desespero! Havia aglomerados de pessoas se empurrando em frente aos locais onde o metrô costuma parar e abrir as portas. Não havia organização alguma, não havia fila. As coisas funcionavam assim: cada um por si, vale a lei do que é mais esperto e consegue se enfiar no meio das pessoas.
Um trem passou e não consegui embarcar. Os vagões já vinham muito cheios com as pessoas das estações anteriores. Outro trem passou e eu não consegui entrar novamente. As pessoas se espremiam na tentativa de obter um espaço apertado entre o povo e a porta do trem. Que desânimo!
Por fim, já muito atrasada, não podia ficar esperando a manhã inteira, afinal já era mais de 8h. Passou o terceiro trem, e eu me espremi como as demais mulheres e entrei no vagão feminino. Não cabia sequer uma mosca no veículo e ainda faltavam 12 estações até o meu destino.
Perguntei a alguém próximo a mim se teria acontecido alguma coisa que justificasse a multidão, mas aparentemente, não. Era o horário de pico mesmo. Muita gente, poucos ônibus, poucos trens...
Após quase uma hora de viagem em pé e apertada até a minha estação final, desembarquei desanimada do trem. Ainda havia um dia inteiro de trabalho pela frente e eu já me sentia cansada. Indagava-me: esse é o tratamento que cidadãos trabalhadores da capital do país merecem? Creio que não.

Revoltada com o assunto, pus-me a andar para a rodoviária, para tomar o ônibus que me levaria ao trabalho. Seria essa a terceira peripécia da manhã para tentar cumprir meu itinerário. O ônibus conhecido por “Integração” é sempre muito demandado e veicula pelas vias do Plano Piloto vomitando pessoas de estação em estação. Era o meu ônibus.
Uma vendedora ambulante gritava: “Prestígio, um real! Prestígio, só um real.”. Um real apenas. Que prestígio é esse? Com um real não se compra nada hoje em dia, quanto mais prestígio! Mas ela se referia ao chocolate chamado prestígio... Pensei comigo mesma sobre a ironia da situação. O nome do chocolate, o seu valor, o ônibus, o metrô, a multidão apertada. O transporte público de Brasília é mesmo um desprestígio.
Até chegar ao trabalho, foram mais 20 minutos de espera, calor, aborrecimento, empurra-empurra para enfim completar minha jornada com 1 hora e 45 minutos desde que havia saído de casa. No final desta história, posso dizer que me sinto desprestigiada pelo Poder Público, por toda a odisséia. Que descaso! Se as pessoas têm o direito constitucional de ir e vir, de transitar pela cidade e viver, quais são as condições que o governo tem dado para que isso aconteça? Quase nenhuma.

Considerando a situação do trânsito das ruas de nossa cidade e as condições do transporte público, a população de Brasília tem mesmo muito ainda a ser beneficiada pelo governo. As pistas e os estacionamentos não são suficientes, os ônibus e o metrô não suportam a demanda, as condições de tráfego não são favoráveis. Desse jeito até o prestígio de um real está valendo mais que tudo isso.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

ÉTICA FICA BEM: 4. A camisa que todos devem vestir


Eis uma pequena charge que ilustra a cena de uma repartição pública. O desenho contempla duas mesas, três servidores vestidos socialmente, estáticos a contemplar Dona Marlene, que chega com mãos ocupadas com papeis. Esta uma mulher está vestida com uma roupa transparente, que choca seus colegas de trabalho, pois é possível visualizar a roupa íntima dela, constrangedoramente. No único balão da charge, lê-se o comentário de um dos servidores sobre a mulher: “Acho que a dona Marlene não entendeu a Lei da Transparência no Serviço Público.”.

Apesar de inicialmente despretensiosa, a pequena charge leva-nos a uma reflexão sobre diversos assuntos referentes à ética. Podemos imaginar os critérios que dona Marlene teria levado em conta para decidir ir trabalhar vestida daquela forma: qual a imagem que os cidadãos teriam dos serviços prestados pela servidora ao entrar naquela sessão? Podemos ponderar o desconforto dos colegas de dona Marlene no serviço; pensar na real aplicação da Lei da Transparência; refletir sobre nosso ambiente de trabalho, tentando identificar qualquer semelhança com o desenho irônico.

Como servidores conscientes de nosso valor, precisamos nos disciplinar a ter uma opinião sobre os assuntos relacionados a esses aspectos. Precisamos refletir sobre nossa postura dentro do ambiente de trabalho, afinal, temos uma enorme responsabilidade: somos visualizados 24 horas por dia como agentes públicos!

No caso da charge, concluímos que o bom senso seria um ponto de partida razoável para a solução de um dos problemas na repartição em que dona Marlene trabalha. Com relação as suas roupas, faltou-lhe bom senso para escolher o que vestir no ambiente de trabalho. Para manter-se impessoal no tratamento com o público externo, preservar a sua privacidade e a imagem da instituição, Marlene poderia ter escolhido roupas mais apropriadas.

A chefia da servidora ou até mesmo os seus colegas de trabalho, no caso, poderiam chamar-lhe a atenção com discrição, privativamente, a fim de resolver o constrangimento, sem problemas. Relacionamentos saudáveis no ambiente de trabalho inspiram honestidade nas relações, sem que haja rudeza ou hostilidade. Assim, servidores maduros e conscientes de seu valor sabem receber críticas e realizá-las observando os princípios éticos.

De toda forma, inspirados na história da dona Marlene, a conclusão é: o equilíbrio é sempre recomendável. Tanto na hora de vestir, como na hora de se relacionar no ambiente de trabalho, bem como no momento de elogiar e criticar o colega, o bom senso sempre fica bem. Essa é a camisa que todos devem vestir!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

ÉTICA FICA BEM: 3. Festa de Democracia

O período de eleições para um país como o Brasil deveria ser uma festa de democracia para toda a população. Afinal, o direito de votar é a legitimação do poder do povo. Mas, infelizmente, a liberdade, o respeito e a moralidade não é o que sempre reparamos nesse momento.

Pelas ruas, espalhado, encontra-se um vulto enorme de lixo gerado pelas propagandas eleitorais. Além disso, há candidatos que difamam os adversários, aqueles que desrespeitam as regras eleitorais para obter vantagens indevidas sobre os demais, e eleitores que agridem uns aos outros por causa de política. O que deveria ser o exercício legal de um direito passa a ser uma série de condutas imorais e atentatórias aos interesses públicos, lamentavelmente.

Preocupada com moralidade, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República resolveu divulgar algumas recomendações sobre esse momento no país:

Os servidores entusiastas de determinado candidato devem prestar muita atenção nas suas condutas durante o horário de trabalho, nas suas repartições. Durante a jornada de trabalho, não é permitido fazer campanha eleitoral. Recomenda-se que não se use material publicitário de candidatos dentro das Seções, tais como canetas, bonés, santinhos, camisetas, chaveiros, calendários e outros brindes típicos desse momento. É necessário manter a impessoalidade no exercício da função pública;

Os servidores que se candidataram a algum cargo eletivo devem seguir as orientações da Advocacia Geral da União já divulgadas com antecedência. Com relação a eles, é importante lembrar que quem atende ao padrão ético do Serviço Público não deve se utilizar do ambiente de trabalho para angariar votos, nem contar com a utilização de recursos materiais, humanos ou eletrônicos do órgão para fazer campanha eleitoral. Aquele que infringe essas regras, além de ser antiético, comete crime eleitoral, e não merece ser eleito.

A missão de cada um é trabalhar para o engrandecimento da nação, para a finalidade pública. Dessa forma, o agente público não pode perder de vista que dentro ou fora da Seção, ele deve se conduzir de maneira ética e moral, pois representa o Estado; é uma pessoa pública. Durante as eleições, isso não muda, pelo contrário, é mais importante ainda.


Os servidores públicos podem colaborar para que as eleições sejam uma festa de democracia! Para isso, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República sugere a leitura da Cartilha sobre as eleições de 2014, disponível no site dela: http://etica.planalto.gov.br/

Se você tem conhecimento de qualquer irregularidade ocorrida durante o período eleitoral, relacionado aos problemas citados acima, não deixe de contatar a Comissão de Ética do órgão.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A LUTA PELA IGUALDADE: UM TIRO PELA CULATRA


As mulheres lutam há bastante tempo por sua emancipação. Reivindicam direitos sociais e políticos, igualdade, mercado de trabalho, liberdade sexual e por aí vai. Em termos de respeito e valor, não há como negar que grande avanço foi conquistado. Ao longo da história, a mulher sofreu diversas discriminações, com o aval da sociedade machista, dependendo em tudo das permissões que cabia somente aos homens lhes conceder. Hoje, no Brasil, a mulher pode manifestar sua opinião, trabalhar e receber o seu salário em equivalência ao do homem, participar da vida política do país, ser tratada com dignidade dentro de casa. É notório que muitos dos direitos conquistados até os dias de hoje são legítimos e nada menos que justos, mas há muito ainda o que avançar na luta pela valorização da mulher.
Entretanto, analisando bem a trajetória da mulher, percebe-se que a busca pela igualdade, em alguns aspectos, saiu como um tiro pela culatra. Muitas vezes, a mulher, inspirada pela tirania com a qual foi tratada, sob o ódio cultivado no decorrer do tempo, espelhou o seu ideal de igualdade no reflexo mais obscuro e desprezível do homem. Ao invés de desejar a liberdade para constituir a sua família em pé de igualdade com seu esposo, por exemplo, a mulher passou a desejar a vida promíscua, caracterizada pela pluralidade de parceiros e a opção de escolha entre relacionamentos homo e heterossexuais.
Algumas mulheres, a pretexto de exercerem os direitos de sua tão preciosa emancipação, usam seu poder indevidamente para desprezar os filhos, ridicularizar os colegas, chantagear o marido, menosprezar os que estiverem a sua volta, não fazendo nada a menos que repetir o duro comportamento que os homens lhes conferiram por tanto tempo, despejando sua cólera em cima dos outros. Essa conduta é completamente reprovável e revela a conquista de uma igualdade equivocada.
A ideia de igualdade deve tomar sempre como parâmetro a noção de homem íntegro, trabalhador, decente, fiel, dedicado à família. Caso contrário, a mulher se tornará tão caída quanto o seu opressor. Esse tipo de igualdade, caída, distorcida, jamais deve ser desejado pelas mulheres, porque não as edifica, nem colabora para uma sociedade melhor.
Além desse aspecto, as vantagens que se imaginava em obter conquistando o mercado de trabalho não parecem hoje tão benéficas assim. Se antes a mulher, deveria zelar por sua casa, cuidar dos filhos, cozinhar e satisfazer o seu marido, agora, ela faz tudo isso e deve ainda muito mais. A participação da mulher no orçamento da casa deposita sobre ela uma responsabilidade adicional, pois além dos afazeres da casa, ela lida com as obrigações decorrentes do trabalho fora, e embora existam alguns maridos que ajudem no cuidado da casa, o padrão mais comum é o de deixar mais esse dever a cargo da mulher.
Quando a mulher deseja fugir das obrigações dentro casa, para dedicar-se ao trabalho, eximindo-se de exercer o seu precioso valor como mãe, filha, esposa, a tendência é que ela caminhe para o lado oposto da relação entre trabalho e família. Ela passa a se ausentar, deixar os filhos em creche de tempo integral, se abster dos relacionamentos domésticos e permitir que o ritmo da vida familiar seja ditado pela televisão ou pelas empregadas domésticas, deixando a cargo da escola a educação das crianças, e do entretenimento, o afeto que deveria dedicar ao esposo.
As mulheres mais jovens de hoje também deixaram de se envolver com as tarefas domésticas e estão pouco a pouco perdendo as noções básicas de como preparar uma refeição, organizar a casa, limpar as coisas, arrumar suas roupas. Infelizmente, a sociedade se voltou de tal forma às necessidades de formação profissional e ingresso qualificado no mercado de trabalho, que as mulheres não veem outro imperativo senão o de se dedicar a ter uma carreira profissional; estão se tornando cada vez mais alienadas da vida cotidiana doméstica e despreparadas para darem conta de si mesmas.
Diante dessas coisas todas, não acredito que as mulheres devam retroceder na sua luta. A igualdade é um valor essencial à vida digna, e não há como se falar em sociedade justa sem que a ideia de igualdade esteja presente. Essa ideia se relaciona a máxima de que os desiguais são tratados igualmente na medida de suas desigualdades, pois homem e mulher jamais serão iguais em tudo.
Com esses argumentos defendo a redefinição da igualdade, defendo a reflexão sobre o verdadeiro papel da mulher na família, no trabalho, na política. Acredito que as feministas foram longe demais e reivindicaram para as mulheres uma igualdade equivocada, uma liberdade desprezível e o fardo pesado do trabalho fora de casa, que nos sobrecarrega. É hora de as mulheres refletirem os verdadeiros valores que as empurra a ver e viver a vida como a modernidade impõe.
Eu entendo que a luta da mulher não deve ser exercida a fim de alcançar anarquia (na política e dentro da família) ou a libertinagem, mas, sim, com a finalidade de engrandecer a família, o trabalho, a política. Da forma como é, diferente do homem, a mulher pode e deve influenciar sua família, seus colegas de trabalho, o desenvolvimento do país de maneira positiva, demonstrando valores de respeito, dedicação, honestidade, reconhecimento dos méritos à sociedade.
Sinceramente, acho que as mulheres deviam buscar diminuir suas cargas horárias de trabalho fora de casa; deviam se dedicar mais à família, principalmente se forem casadas e tiverem filhos. Se a questão financeira as impede disso, então, a justificativa para a penosa opção de trabalhar em tempo integral é razoável, mas sempre que possível, as mulheres deveriam priorizar seus relacionamentos.

Àquelas que envidam todas as suas forças na busca pela realização profissional, recomendo uma reflexão sobre a verdadeira razão disso. Mesmo que ela não queira ser mãe, o que para mim já é uma faceta perigosa da luta encabeçada pela parcela mais radical de feministas, pelo menos, não deve fugir ao seu compromisso de zelo consigo mesma. Mulher, aprenda a cozinhar e organizar o seu espaço, cuide de sua saúde, faça atividade física, leia bons livros e tenha relacionamentos com as pessoas de sua família. Não permita que a igualdade seja um tiro pela culatra; o mundo precisa de vocês.